Muitos parabéns, Luís Serrano!

Para o Luís Serrano, a quem desejamos um feliz aniversário! Muito obrigad@ pelo trabalho de captação e edição de som e vídeo, que nos tem feito chegar mais longe do que poderíamos ambicionar; pela generosidade e atenção que te caracterizam; e por toda a boa disposição que trazes contigo para todo o lado e que contagia qualquer um. Esperamos que tenhas um dia tão fixe como tu. 


Existe um mito urbano, contado por vezes no final das festas do CMUC, (quando estas acabam de madrugada e se sai da sala para tomar o pequeno-almoço algures na cidade que desperta), acerca de um ser imortal, nascido na época medieval, que ganhava a vida a fazer música. 

Ninguém sabe muito bem como ou porque é que nascem os imortais. Esta aura mística de incerteza e magia que parece persegui-los não lhes torna a vida muito fácil, pois nós, humanos comuns, tendemos a recear o desconhecido. 

A história conta que este imortal em particular se encontrava a residir nas highlands escocesas, quando a sua companheira faleceu e ele, subitamente sozinho, com todo o tempo do mundo nas suas mãos, se viu forçado a abandonar o país, para procurar outra terra onde a sua aparência permanentemente jovem não levantasse suspeitas. Após anos de busca, recheados de explorações demoradas, finalmente encontrou uma cidade que lhe pareceu apelativa: o seu povo era pacato e acolhedor e, ao mesmo tempo, esta era aos altos e baixos, como as suas amadas highlands. Tratava-se da cidade de Coimbra, no reino de Portugal. 

Pouco tempo depois da sua chegada a este povoado, enquanto se entretinha a explorar as ruas desconhecidas, deparou-se com uma taberna bastante acolhedora. Como já era perto da hora de jantar e as refeições ali eram baratas, entrou, sem saber que, com essa escolha, acabava de mudar a sua vida para sempre. 

Ditou o acaso que, nessa mesma noite, nessa mesma taberna, se encontrasse um ajuntamento de irredutíveis coralistas, da ordem Corus Misticus, a entreter os comensais. O seu canto, como de costume, tentava cumprir a santíssima trindade coralística: captar novos potenciais membros; obter sal; e manter as gentes da terra alegres e em sintonia. O nosso imortal, como também pertencia ao mundo da música, interessou-se particularmente por este grupo tão peculiar, ouvindo-os atentamente enquanto comia uma generosa porção de filetes com arroz de tomate. Ficou tão fascinado com as harmonias desta ordem que, pela altura em que terminou a refeição, já se tinha decidido a tentar nela ingressar. 

Havia, contudo, um problema. Teria de pensar num novo nome para si próprio. Após alguns minutos de hesitação, por não conhecer ainda muitas palavras naquela nova e estranha língua, contentou-se com Luís (guerreiro) Serrano (highlander), pois pareceu-lhe que englobava satisfatoriamente o significado de si próprio. Dirigiu-se a um dos elementos e apresentou-se: 

- Olá! Sou Luís Serrano, encantador de ondas, senhor das curvas, guardião da floresta, cavaleiro do vento, filho do ar. Não tás bem a perceber. Vocês são A CENA! Como é que posso fazer para cantar convosco? 

Foi imediatamente convidado a acompanhá-los ao seu templo sagrado, uma sala única e especial, sem reverberações, forrada no mais luxuoso dos materiais: a cortiça. Havia que proceder à misteriosa prova de admissão e, para tal, levaram-no à presença do mui nobre e digno Concelho dos Grandes Artistas. Qual não foi o seu espanto quando reconheceu o seu respeitável Regente! Tratava-se de Sir Rodrigo, com quem travara amizade numa das suas muitas viagens (e em circunstâncias hilariantes). Passada a prova de admissão (cujo conteúdo se mantém em segredo até hoje), na qual passou com distinção, Sir Rodrigo chamou-o à parte.

 - Ainda bem que te encontro aqui amigo! Parece não ter passado por ti tempo nenhum desde que fomos ambos pupilos do mesmo mestre, aprendendo a arte da música, da guerra e da direção coral. Preciso da tua ajuda. Afeiçoei-me a esta ordem, quando os auxiliei a levantar uma maldição que pairava sobre esta cidade. Pensei que seria o fim dos nossos problemas e o início de uma existência mais ou menos pacífica. Estava enganado. O mal espreita de todos os cantos e torna-se cada vez mais difícil levar a nossa música a todos, bem como manter o espírito animado característico desta ordem. 

– Claro que ajudo! – respondeu Luís, sempre prestável para auxiliar os outros em qualquer desafio. Ao mesmo tempo, aquele era, de facto, o disfarce perfeito. Poderia permanecer membro daquela ordem, daquela família, por muitos e largos anos! Com a constante renovação de coralistas, ninguém iria desconfiar dele. Estava finalmente a salvo. 

Conta-se que este foi o início de incontáveis aventuras, que envolveram viagens, gravações, filmagens, edições, aprendizagens, direções, conversas, relatórios de contas, festas e, o mais importante, amizades sem fim. Fosse a falar da Vmax, de cubos mágicos, de crossfit, de microfones ou de outra qualquer obsessão, o imortal desta história tornou-se parte da identidade da ordem Corus Misticus, contribuindo, com as suas skills únicas, para a propagação das ondas harmónicas pelo mundo e através dos tempos. 


A narrativa geralmente termina neste ponto dos acontecimentos. Os coralistas presentes trocam olhares desconfiados entre si, incertos acerca da veracidade escondida por detrás das palavras desta lenda, até que alguém se ri, quebrando a tensão gerada pelo silêncio, e a conversa volta a fluir animadamente ao estilo característico do CMUC. 




P.S. Se ficaste curios@ e queres saber mais acerca das peripécias do lendário Sir Rodrigo, podes ir espreitar o texto de aniversário do maestro Rodrigo Carvalho, do ano de 2018

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